Ronald Augusto [1] Xirê , a festa, a invocação do intelecto que gira sobre si mesmo no redemoinho do mundo. Dança e contradança do ori entre as palavras. Orikis heterodoxos da indeterminação. Por seu turno, Dú Oliveira conhece por contato a determinação da poesia rumo à ambiguidade: “ nas asas/ da/ palavra/ e/ dos/ mistérios/ e/ intenções/ não reveladas// serei/ eu/ a/ dizer/ da/ festa ?”. E aqui vai minha evocação: Roman Jakobson, estudando o “riso ritual” no contexto medieval, argumenta que é “a hilaridade que possibilita ao homem comum terreno reafirmar-se face a face com o Misterioso”. Em termos antropofágicos a alegria é prova dos nove. Em Xirê Dú Oliveira afivela sobre o próprio rosto a persona cambiante do ator ritual e assim se transfigura álacre a cada poema jogado. O poeta feito oficiante experimental. O jogo ritual com a linguagem sabe a uma definição de poesia. E tal jogo alcança o mundo interior na superfície mesma do exterior. O poema sempre como um jogo
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.