A ESPESSURA OSSAMA DO POEMA Ronald Augusto [1] Ossama (Letras Contemporâneas e Editora da Casa) é o novo experimento neossimbolista – prefiro esse epíteto a neobarroco como meio de aproximação à áspera poesia – de Dennis Radünz. Entenda-se “experimento” como conquista, determinação inventiva, e não como acontecimento invertebrado ou sem desdobramentos. A ossama ( puzlle perverso) textual toda empilhada; os destroços de tradições e rupturas. Pilhagem de linguagens que entranha o corpo fraturado do poema. Análogos à imagem das estátuas jacentes metaforizadas por João Cabral, os poemas de Dennis Radünz falam do rosto e do sobrerrosto, da carne e da política, da cédula e do sangue, entretanto, todo esse conjunto de cifras corrosivas, inicialmente evocativo de certa realidade, só faz a poesia de Ossama se indispor (no sentido de uma negatividade crítica) radicalmente com o real. Não há sangue em sua poesia, Dennis Radünz abole personalidade e emoção atingindo o nervo de uma li
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.