a pesquisa no google o carnavalesco curvado sobre a escrivaninha um roteiro previsível a partir de uma bibliografia ultrapassada a súplica ao todo poderoso a escravidão o holocausto negro as focinheiras a chibata a dor a tortura uma enfiada de clichês os traços hagiográficos implicados na representação o modelo escrava isaura a sabedoria do preto velho que acolhe o moçoilo de olhos claros que amansa o feitor enquanto o redime a redenção a pasteurização do #somostodosescravos após a reforma trabalhista a ideia fraca de que o brasil (leia-se a branquesia) até hoje não sabe direito o quanto há de crueldade e assassínio nessa história (por isso tanta redundância, tanta reificação) mas onde esteve o brasil durante todo esse tempo enquanto o pior acontecia?
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.