Ronald Augusto Photograph and Screen 3 A imagem do mundo ou do conjunto de objetos representados em uma pintura tradicional não ultrapassa os limites da moldura. Não seria razoável perguntar pelo que há para além desses limites, isto é, se a imagem continua além do quadro, pois, de acordo com Cavell, a pintura é um mundo autossuficiente. Cavell afirma que a fotografia, por seu turno, faz outro caminho; por ser do mundo, a câmera da fotografia o recorta deixando de fora do nosso campo de visão uma porção infinita (indeterminada) da realidade. Uma fotografia é como uma peça de um quebra-cabeça, mas que jamais será montado, uma vez que “a câmera, sendo finita, corta uma porção de um campo indefinidamente maior” [ The camera, being finite, crops a portion from an indefinitely larger field ]. Se cada fotografia é uma peça desse virtual quebra-cabeça, então cada vez que a câmera corta determinada quantidade da realidade o quadro completo da realidade fica mais distante de ser alcanç
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.