A literatura participa do conjunto das manifestações artísticas. Já nem sei se uma afirmação como essa ainda provoca algum embaraço à maioria das grandes editoras. Mas aqui a reitero e digo ainda que a literatura degenera quando dá as costas ao seu impulso de arte, ou quando se censura nela essa vocação para a multiplicidade de sentidos. Com efeito, para a literatura importa mais a releitura do que a leitura. Para o ponto de vista atacadista do mercado livreiro-editorial interessa a “leitura” enquanto confirmação do apetite de um público consumidor que demanda o livro na perspectiva de uma mercadoria-entretenimento. E a ampliação da venda/leitura per capita de livros é a razão de ser, a carcaça conceitual ao redor da qual volitam as boas e más intenções sejam de editoras, sejam de ocasionais políticas públicas, ou ainda de vozes que repetem clichês decadentistas ou multiculturais em torno ao assunto. No entanto, o que conforma a literatura, numa época multimídia como a atual, ainda co...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.