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Mostrando postagens de agosto, 2017

tolerância enquanto fachada (III)

O princípio da tolerância enquanto fachada (III) Ronald Augusto [1] O melhor modo de segurar o chicote Em um dos seus escritos Machado de Assis (ou pode ser que isso se encontre na voz de um de seus personagens...) afirma, com a ironia que lhe é peculiar, que a melhor maneira de segurar o chicote é pelo cabo. Essa é a perfeita metáfora da tolerância minimalista e/ou oportunista. Através dela confirmamos de forma intuitiva que é melhor ser estimado (ou estar no papel do tolerante) do que ser tolerado. O autodeclarado tolerante toma a si mesmo como a medida para estabelecer o modus faciendi do princípio e da atividade de tolerar que, de alguma forma, se apresenta agora como uma passividade de fachada. A tolerância, enquanto normatividade aplicada à experiência do mundo vivido, parece se resignar com a constatação de que, no interior das interações pessoais e sociais, há situações discursivas e práticas em que a discordância não pode ser superada. Em favor disso o senso c

sem transigir com o tolerável e o fácil

Onde não há facilidade Ronald Augusto [1] Para o leitor, o poema se apresenta, numa primeira aproximação, como que vertido em língua estranha, mas ao mesmo tempo remotamente familiar. Na comunicação poética, a imagem da leitura como algo rente ou similar à operação tradutória se impõe de modo decisivo. A comunicação poética pressupõe uma situação de embate com a dimensão da intraduzibilidade, do hermetismo, entendidos aqui como estilemas da condição de um limite disciplinador imposto pelo jogo de relações requerido ao poema. Mas tal dilema – a razoável impenetrabilidade da poesia, essa tópica dos “ portões fechados ”, como refere Denise Freitas em um poema do conjunto – se resolve, por outro lado, no momento em que o leitor-poeta assume a responsabilidade pela coautoria daquele texto por meio de um gesto de interpretação quase livre, uma vez que a estrutura recorrente do poema em alguma medida também determina o palmilhar da leitura. Todo esse processo resulta em uma espécie