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Mostrando postagens de maio, 2010

Claudio Cruz, poeta que soube esperar por tudo

Conheço Claudio Cruz há bem uns vinte e cinco anos, no mínimo. Suas personae e seus interesses estéticos vão da canção à prosa, passando pelo teatro, a crítica e o ensino de literatura, e chegando até a poesia. Deixei por último, de propósito, a menção ao gênero lírico, apenas para criar um “clima”, pois, ao contrário do que parece para muitos que conviveram e convivem com Claudio Cruz, a poesia talvez seja o aspecto menos inextrincável de sua sensibilidade. Não quero parecer dramático nem retórico, mas com a publicação de A ilha do tesouro e outros poemas — sua estréia em poesia —, essa pequena confusão começa a ser solvida. Secretamente, a dimensão do poeta em Claudio Cruz sustenta e dá coesão a todos os outros aspectos expressivos de que até agora se serviu para estabelecer o diálogo em perspectiva tanto com os leitores, quanto com os seus iguais. Embora eu o tenha conhecido primeiro como diretor de teatro (em 1983 assisti à sua montagem de Esperando Godot , de Samuel

sangue de heróis: a épica seleção de dunga

A apresentação final da lista de convocados do atual técnico da seleção brasileira, o ex-volante de contenção Dunga, se presta a uma variedade de especulações, considerações e ironias. Mas antes de entrar no campo propriamente futebolístico, uma nota. Esse “time de operários” atraiu uma horda jamais vista de patrocinadores oficiais. Com isso a indigitada seleção conquista um recorde milionário de marcas poderosas associadas ao escudo da CBF. Como negócio — e o futebol cada vez mais é essa atividade receptiva a investidores e mafiosos mefistofélicos —, a Seleção Brasileira, trazendo ou não o caneco, já ganhou. Melhor: Ricardo Teixeira ganhou. Mas, este é o ponto crucial. Há muito, a seleção não é mais nossa, isto é, não é mais de cada brasileiro que, segundo o adágio, é um técnico em potencial, e, o que é mais grave, não é nem mesmo do testa-de-ferro Dunga. A Seleção é o balcão de negócios da CBF, et pour cause , de Ricardo Teixeira que, fora do âmbito do Clube dos 13,

portuguesia, duas antologias em uma

Muito se pode argumentar contra antologias, mas para uma recepção média que, por exemplo, passa ao largo dos “sistemas imperfeitos” das poéticas conflitantes e várias de uma época, um bom apanhado de poemas pode se converter num instrutor de valor incalculável no que respeita às questões específicas do gênero dentro de determinado contexto. Ao mesmo tempo, uma antologia honesta, representa um estrato — ou um instantâneo —, mais ou menos plausível, do ambiente cultural e literário em que se está imerso, e, por esse modo, o acervo dos textos recolhidos entre suas capas nos permite compreender também um pouco do caráter, das virtudes e das imposturas desse espaço mesmo. Duas qualidades são imprescindíveis para uma antologia. A primeira, o bom gosto; que pressupõe um antologista experimentado e culto, capaz, além disso, de se submeter ao teste poundiano que avalia se o candidato pode ser ou não um crítico de confiança, isto é, o poeta dos Cantos nos aconselha a investigar se o