Marco Vasques volta mais feérico neste Flauta sem boca , seu pathos imagético se instala desta vez — à diferença de E legias Urbanas , livro de 2005 —, por assim dizer, numa “nervura teimosa” de versos, ou versículos, mais extensos. As questões que obsedam o espírito do poeta retornam à cena. Observamos um artista que afivela personae trágicas, e enquanto põe a nu seu coração defunto por meio de “uma língua que não come hóstias” se vê implicado nos horrores que mais registra e recria do que denuncia. Neste pequeno conjunto de longos poemas, Marco Vasques nos coloca diante dos destroços do tempo e da anomia presente que soçobram à tona da linguagem. E mais uma vez, aqui e ali, enfiamos pelas formas do manicômio, do hospital, do hospício, da necrópole, etc, imagens especulares dos nossos territórios urbanos. Flauta sem boca é música calada. Mas o oxímoro do poeta e místico San Juan de la Cruz, pode ser tomado tão só como um ponto de partida. Noutra direção, di