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Mostrando postagens de outubro, 2009

sobre a poesia de cândido rolim, um papo

cândido rolim PAULO ALEX SILVA SOUZA - Você acredita que há efetivamente uma crise da razão, o que leva ao ressurgir da fala dos mitos na poesia? Em caso afirmativo, qual resposta reclama essa crise? Ronald Augusto - A condição de crise é como que a “razão de estado” da razão. Isto é, desde que a razão tornou-se Razão, ela se nutre das suas contradições. Se uma “fala dos mitos” se levanta de maneira a resolver uma tal crise, isso me parece uma resolução com algum grau de consciência. Há um precipitar-se nesta direção. A rigor, em poesia, não há essa fratura definitiva entre a razão e a fala dos mitos. Cito por exemplo dois poetas que talvez, nesse ponto, pudessem ser confrontados comparativamente com o Cândido Rolim: Fernando Pessoa, do livro Mensagem, e Paul Valéry - não por acaso autores de filiação simbolista. O poema na pele de coisa-signo encarnado, em detrimento da tradição livresca que o apresenta como sublimação seja dos humores da emoção, seja dos labirintos da razão, ultrap

política não tem fim felicidade sim

homero As qualidades dos heróis homéricos são exaustivamente representadas e cantadas pelo aedo. O político de sucesso é aquele que soube publicar e fazer a propaganda (às vezes enganosa) das suas realizações. Sua “coerência de vida e sua defesa dos interesses da nação” são, por dever, notoriamente conhecidos. O político precursor faz as vezes do moralizador. O seu crítico ou analista parece lembrar, embora de maneira muito tênue, o moralista imaginado por Nietzsche, isto é, o sujeito que entende a moral como algo a ser interrogado, um problema, algo que pode ser posto em questão. Para o crítico, o moralizar - como pensa Nietzsche - não soaria imoral? Não obstante sucessivos fracassos, ainda tentamos racionalizar, a duras penas, através da política, nossas paixões. A este respeito, convém uma mirada detida sobre o drama republicano de Shakespeare, Julio César . O assassínio do poderoso romano é arquitetado e tenazmente justificado através de estratagemas retóricos oferecidos ao senso

antes de nascer o mundo no aquém-literatura

Mia Couto Durante a leitura de Antes de nascer o mundo , por diversas vezes recordava com surpresa a entusiasmada recepção contemporânea em relação ao ambientalista e escritor branco de Moçambique, Mia Couto. De volta à leitura do romance, apartado do rumor circunstante, era a desconfiança que secundava a surpresa. Com efeito, não consegui verificar em sua escrita motivos para toda essa admiração que alguns dos meus conhecidos faziam questão de manifestar ou, de lápis em punho, anotar em cadernetas guardando para depois. Por outro lado, uma constatação que encontrara, quase à mesma época, no artigo do escritor Nelson de Oliveira, intitulado “Entre o perigo e o conforto” (edição 112 do jornal Rascunho , agosto de 2009), embora não desse conta inteiramente de explicar a onda pró Mia Couto ‒ pois não era este o escopo do texto ‒, ao menos contribuiu para tornar razoável minha crescente incredulidade. Segundo o escritor-crítico paulista, nos dias atuais: “Praticamente não há mais maus escr