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Mostrando postagens de agosto, 2016

Sabor da crítica vadia: Decupagens Assim

Sabor da crítica vadia: Decupagens Assim Cândido Rolim [1]    Há críticos e artistas que evitam comentar sobre seu tempo, quem sabe, aguardando a estação passar para, na carona de alguma aprovação unânime, emitir suas impressões com base em uma opinião digna de figurar no elenco dos juízos “confiáveis”. É na contracorrente desses esforços débeis de consagração que atulham a nebulosa literária que alguns pensadores, dentre eles o poeta-crítico Ronald Augusto, atentos à “fruição do indeterminado do discurso literário”, vão revolvendo tópicos e questões supostamente “consumados”. Ronald é um poeta que periodicamente realiza cursos cuja matéria prima é a leitura e a confecção de objetos verbais (textos). Portanto, convive à exaustão com os impasses da linguagem poética e também com os logros, as imposturas e os embustes realizados por nomes e obras preservados pela política cultural do entorno. Não assusta que apareça em seus artigos, aqui acolá, com virilidade nietzschiana at

Typographo: um outro existe

Typographo : um outro existe Ronald Augusto [1] Talvez o eixo do novo livro de poemas de Ricardo Silvestrin, Typographo (Patuá Editora, 2016), seja o poema “Tu”. Ao redor dessa peça gravita um feixe de sentido que, não obstante aflorar e se dissipar em outros poemas ao longo da obra, é justamente nesse poema que tal área semântica passa a assumir um caráter mais nítido. Em outras palavras, em “Tu” o poeta aposta em duas maneiras de desautomatização da vida da pessoa, uma ligada à reversão do automatismo psíquico e outra vinculada à crise de uma expectativa social que tenta moldar seus desejos. Grosso modo e até onde consigo ver, Typographo se concentra nesse ideograma interpretativo e provisório que proponho ao leitor. Nesta perspectiva, em “Tu”, poema parcelado em 18 movimentos (cada um deles constitui uma estrofe), Silvestrin exercita uma espécie de arte da desilusão. Ou melhor, em alguma medida o poeta se compromete com a ideia de que a criação artística surge