O palindromo "orumuro" serve de ponto de partida para uma série eventos estéticos e intersemióticos. Num primeiro momento, temos o registro fotográfico de uma pichação num muro da metrópole, verdadeiro palimpsesto urbano que de imediato gera uma tradução em outro código: trata-se do poema de Cândido Rolim. Ainda dentro das balizas do código verbal, o poema de Rolim serviu de ponto de partida para o meu texto em diálogo, que, de resto, pode ser lido como uma tradução intracódigo. Assim, começam a ser depositadas camadas e camadas de signos sobre um evento ou sobre um instante do presente precário, produtor de fricções inesperadas e de ficções, onde o real surge como o seu corolário equívoco. Tempos depois, esses primeiros excursos de experimentos discursivos se fundem, aí sim, numa forma de linguagem que em sua essência é de caráter intersemiótico: o registro audiovisual. O videopoema, o clipoema, ou que outra denominação se use, anima os signos do verbal, feito de tipos (i)mó...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.