Não é preciso despender grande esforço para concluir que Tina Turner ( circa 1980), serviu muito bem de prefiguração aos nossos dias da cantora Beyoncé que, por ironia, tem em sua carreira o single “Déjà vu” (2006). Entretanto, Tina, devido às suas características vocais, tem mais a ver com o rock (migrou do R&B para este gênero), e sua biografia parece ser mais acidentada — para não dizer dramática —, ficando por isso mesmo nas antípodas da atual representante do R&B de acento entre rap e pop. A vida de Beyoncé, ao que se sabe, tem todos os ingredientes para ser definida como a de uma patricinha, em que pesem as referências ao racismo de que se ressente no país de Obama, referidas pela cantora, filha do estado do Texas. O certo é que não teve grandes frustrações. De resto, muitas coincidências podem ser invocadas para um possível cotejo entre as cantoras. Por exemplo, Beyoncé e Tina lembram por contigüidade: condenação às convenções do sex-appel ; iconofilia gestual à manei...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.