Conheço Claudio Cruz há bem uns vinte e cinco anos, no mínimo. Suas personae e seus interesses estéticos vão da canção à prosa, passando pelo teatro, a crítica e o ensino de literatura, e chegando até a poesia. Deixei por último, de propósito, a menção ao gênero lírico, apenas para criar um “clima”, pois, ao contrário do que parece para muitos que conviveram e convivem com Claudio Cruz, a poesia talvez seja o aspecto menos inextrincável de sua sensibilidade. Não quero parecer dramático nem retórico, mas com a publicação de A ilha do tesouro e outros poemas — sua estréia em poesia —, essa pequena confusão começa a ser solvida. Secretamente, a dimensão do poeta em Claudio Cruz sustenta e dá coesão a todos os outros aspectos expressivos de que até agora se serviu para estabelecer o diálogo em perspectiva tanto com os leitores, quanto com os seus iguais. Embora eu o tenha conhecido primeiro como diretor de teatro (em 1983 assisti à sua montagem de Esperando Godot , de Samuel ...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.