Kafkiano: aquilo que em algum momento vai definir os atos extremos do Estado como guardião-meganha da igualdade jurídica liberal ou do Estado utópico do igualitarismo social socialista, convertidos ambos em totalitarismo; aquilo que designa também os excessos da racionalidade impessoal nas funções, cargos e precedimentos que efetivam a lógica da produtividade moderna; o absurdo que subjaz às relações de poder; o afeto que se deteriora a partir da obediência estrita a esse poder mesmo, paterno/patronal; a vida como um pesadelo circular. A recepção contemporânea ou politicamente correta lê o teatro do mundo do ponto de vista de um bom-mocismo de centro-esquerda, por essa razão alguns estudiosos defendem o pessimismo irônico ou as doses pesadas de niilina contidas no pensamento-arte de Kafka como insumos a um texto que exige ou inventa um leitor subversivo, moralista, insubmisso, revoltado consigo mesmo, contra a sociedade e a ordem, etc. Na verdade há uma confusão entre o que obra de K...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.