sou meio faísca-atrasada no que toca aos fatos do momento. confesso que só há pouco fiz a leitura do discurso de luiz ruffato proferido na abertura da feira de frankfurt. sinceramente, não fosse pela polêmica precedente, levada a efeito por um coletivo de escritores negros, a propósito do perfil dos autores escolhidos para representar o brasil no evento, a peça retórica de ruffato seria inócua. não nego a significação, o simbolismo do gesto, e, até mesmo, a percepção da oportunidade, entretanto, não dá pra negar também que o conteúdo do texto enfileira uma dúzia de clichês sobre os problemas brasileiros sabidamente checados e que estão na base de nossa formação, enfim, o prosador apresentou um discurso cuja repercussão – exceto talvez para algum extremismo de direita – atende à sensibilidade da maioria, ou àqueles mais ou menos indignados com a situação histórico-social do país. com efeito, gregos e troianos curtiram o teor do texto. sei que muitos não vão tolerar meu pont...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.