Ronald Augusto [1]     Onde Ricardo Portugal, afivelando algumas personae  sobre o próprio rosto, diz sempre bem, mesmo quando maldiz, e doa a quem doer. Assim eu sintetizaria A face de muitos rostos  caso o leitor me solicitasse tal obséquio.   Com efeito, através dessas máscaras ouvimos soar virtualmente, por exemplo, a dicção de um chinês que conhece além do tolerável a melopeia das cantigas d’amigo e da chanson  provençal; o murmurar de um intelectual que concede que o Brasil até pode se dizer pós-colonial, porém, que ainda está longe de ser uma sociedade pós-racial; o resmungo de um russo apreciador do fine excess  da cachaça; a elegia de um gaúcho ulisseida que quanto mais se aproxima de sua grande pequena capital mais se afasta dela. A face de muitos rostos ,  uma poética cambiante e multicultural. O périplo crítico sobre uma carta geográfica pessoal.   Mas o poeta, graças a uma consciência luciferina, também se vê implicado na arenga com que desfaz as contrafaç...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.