Ronald Augusto [1] A satisfação de escrever a apresentação para um livro que é do agrado do prefaciador muitas vezes é acompanhada da suspeição de terceiros. Com efeito, tendo em vista a presente obra, alguns dirão, por exemplo, que sou suspeito ou estou implicado nas análises da poesia de Eliane Marques, porque já há algum tempo venho acompanhando os desdobramentos construtivos de E se alguém o pano , conjunto que agora se oferece ao leitor. Ao longo desse percurso estabeleci um raro diálogo com a poeta e suas específicas propostas textuais. Assim, é por essa razão que, a contrapelo dos eventuais invejosos, me sinto não só mais do que à vontade para cumprir a tarefa, mas – e o que é melhor – creio mesmo que tenho o direito de fazê-lo. Não se trata de lançar mão da prerrogativa do elogio que o texto introdutório pode exercer; não. O que pretendo é levar a termo, o quanto possível, uma ideia do poeta W. H. Auden segundo a qual o melhor leitor do autor inédito (que é o cas...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.