a poesia e a música popular [1] Ronald Augusto [2] “deus é o poeta, a música é de satanás” (machado de assis, dom casmurro , cap. ix). a poesia é o mundo da linguagem (décio pignatari, registro mnemônico), a música popular (mp) é a linguagem do mundo. no meu campo de referências, a mp se comporta como um sistema de signos diluidor daqueles elementos que no embate - ou na vivência - da cultura se estabelecem como constituintes pré-fabricados, quase ready-mades . os sinais que indicam a direção dessa cultura. a massa comendo o fino biscoito fabricado. fábrica áfrica. o repertório da mp, mais reduzido, ou melhor, se autoprocessando ruma à kitchização, arrecada maior audiência. sem dúvida alguma que, se a poesia, de uma hora para outra, passasse a ser a moeda usual da fala - favella - cotidiana, seria um salve-se quem puder. a poesia alimenta potencialmente a mp. mas isso não quer dizer que a mp seja desprovida de um aparelho próprio de produção/ as...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.