O princípio da tolerância enquanto fachada (II) Ronald Augusto [1] Luta pela estima Em certa medida, ser tolerado não deixa de significar uma experiência de desrespeito. Tomando como referência as atualizações que Honneth faz do pensamento hegeliano, é possível dizer que a luta por reconhecimento não é bem uma luta para ser tolerado, porém uma luta para ser amado, para ser estimado. Axel Honneth extrai do “modelo de Hegel” a plataforma da “tese especulativa segundo a qual a formação do Eu está ligada à pressuposição do reconhecimento recíproco entre dois sujeitos” [2] . Isto é, quando dois indivíduos se confrontam (o verbo confrontar é empregado aqui de acordo com a acepção relativa a estabelecer comparação entre; cotejar) , cada um deles tem a possibilidade de ver confirmada a sua autonomia por seu respectivo defrontante. Honneth argumenta que eles têm a chance de chegar “a uma compreensão de si mesmos como um Eu autonomamente agente e individuado”. A figura do tolerant...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.