O cosmo e o corpo, distantes e jungidos Ronald Augusto [1] Pound cita um estudioso da Odisseia que teria demonstrado que a geografia do poema é correta, ou seja, que ela seria produto da experiência de um sujeito conhecedor de navegação e que tivesse feito de fato o périplo. Dante conjuga em sua Commedia os saberes da ciência, da teologia e da filosofia da Idade Média. Sousândrade no poema em muitas vozes Inferno de Wall Street , se antecipando a Pound, incorpora o assunto econômico à aventura do poema. Lanço mão dessas referências recuperadas à tradição para dizer que, desde a primeira leitura, O cochilo do céu despertou meu interesse porque seu autor, Marcel Fernandes, à exemplo desses grandes poetas, também se compromete com um conjunto de signos que em alguma medida não parecem típicos do gênero. Sem prejuízo de outros temas e campos semânticos, O cochilo do céu reúne muitos poemas nos quais são transfigurados tópicos da física e da astrofísica contemporâneas. ...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.