o poeta edson cruz O que é e já foi, um dia, o homem – ou o ego scriptor de – Edson Cruz, está muito bem presentificado via linguagem (sistema que se exaure e se renova a cada gesto poeticamente crucial) nesse conjunto de poemas intitulado Sambaqui . Se o poeta, parafraseando um trecho do poema “Caravana solitária”, por meio do desatino da linguagem, consegue “acariciar” o seu próprio destino, isso tem a ver com as limitações inerentes ao objeto verbal de que se serve, pois “as palavras não sabem/ nem saberão...” dar conta dos sentidos (e não do sentimento) do mundo. A poesia de Edson Cruz faz menção lateral à humildade (enquanto estilo poético) de Manuel Bandeira, uma compaixão mais forte, desonerada de qualquer martírio ou inação contemplativa. O poeta está comprometido e em ação, mas sempre com e via linguagem: “tantas intenções projetadas/ e continuamos a tatear/ redundâncias”. Edson faz crítica através da linguagem, isto é, através dos jubilosos equívocos semânticos que nutrem ...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.