(poema visual de décio pigantari) “Desconfio que sem uma pitada de comicidade/não se pode escrever hoje versos verdadeiramente sérios”. Sirvo-me desse dístico extraído de um poema de W. H. Auden (em tradução de José Paulo Paes) para começar a pensar a respeito de alguns tópicos da poesia de Décio Pignatari. Confesso que o teor de minha abordagem será um tanto aleatório e subjetivo; não farei, portanto, as vezes do analista margeado pela opção da linearidade histórica, nem do sabido crítico cujo apetite exaustivo exige a totalidade da obra para satisfazer sua capacidade de bucho ruminante. Reservo a minha paciência apenas para dois aspectos bem conhecidos do fazer pícaro-criativo de Décio Pignatari, a saber, sua irreverência de linhagem notoriamente oswaldiana (Décio mantém uma relação mediúnica com o antropófago do modernismo) e sua condição de pornógrafo lírico, românico e romântico. Desta maneira, com a remissão aos versos de Auden, não pretendo, por outro lado, rep...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.