Prólogo travestido de poema; parapoema; operação duchampiana onde o discurso poético se interessa por sua própria desaparição e toca, portanto, a linha de fronteira da antipoesia; virulento tolicionário aos interessados em conquistar uma vida segura; enfim, o texto que situa o leitor na antessala do conjunto de poemas Use o assento para flutuar de Leo Gonçalves, parece exigir desse leitor que ele “pare à porta e cisme”. Sem recusar a noção de que um poema começa por onde termina, Leo Gonçalves – sabendo que diante da aparente impenetrabilidade do poema o fruidor anseia para que se abram suas portas de modo que ele seja introduzido nesse universo desconhecido – concebe a leitura como suspeição irônica diante dessas portas que estão sempre maliciosamente abertas. O texto de abertura justapõe uma série de sentenças e enunciados que se constituem numa espécie de manual de instruções de corte paródico cuja observância facultará uma vida de prudência ao cidadão resignado ou ao ...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.