A máxima estilística do escritor alemão Gotthold Ephraim Lessing, segundo a qual “um livro grande é um livro mau”, deve ser levada em consideração, o mais das vezes, além de sua imediata ironia. Se, por um lado, para a prosa de mero entretenimento a máxima talvez não faça muito sentido, pois neste caso o que está em causa é conceder ao leitor de histórias um passatempo largo e deleitoso, por outro lado, no que diz respeito à poesia, a mesma máxima, aponta para duas coisas essenciais ao gênero e que, segundo Pound, são: concentração e linguagem carregada de significado ao máximo grau possível. A rigor uma se entrelaça à outra de modo inextrincável. Além disso, o leitor experiente sabe que é mais fácil tolerar o livro de um prosador medíocre do que o de um poeta também medíocre. Na prosa (tendência à redundância) os defeitos se diluem; na poesia (tendência ao signovo ) os defeitos se avolumam. Portanto, em ambas as situações o prosador está sempre em vantagem. O fato é que...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.