Versos de verdade Ricardo Silvestrin [1] A imprensa, atrás do fuxico literário, sempre martelou as motivações amorosas dos poemas de Quintana. O poeta tinha que didaticamente esclarecer: uma amada não é um ponto de chegada de um poema, mas um ponto de partida. Ou, como também escreveu, que não fazia versos para ti, mas versos de ti. A questão estética colocada por Quintana é o que está também em jogo nesse novo livro do poeta Ronald Augusto. Ou seja, mesmo que os poemas nasçam de uma motivação real, de alguém com nome, endereço e cpf, o que resulta como texto criativo é o que conta. Nesse sentido, num primeiro momento, salta aos olhos a fluidez com que cada poema do livro é lido. Contrasta com grande parte da produção do Ronald, com aquela sua arte que coloca pedras no caminho do leitor, propondo a quem o ler que se vire. Aqui, mesmo que, de quando em quando, uma outra palavra, uma ou outra referência exijam uma pausa para entender do que se trata, o texto é predom...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.