4 passagens para dente de cachorro [1] ronald augusto [2] i. como personagens de um filme de buñuel os contendores os jogadores embora nada à vista dos olhos os agrilhoe ao lugar não conseguem se afastar da órbita da mesa de sinuca jamais surtirão do limbo desse bar dessa pinga das marcas de giz sobre a carta geográfica da flanela verde dos buracos negros das caçapas desaguadouros sumidouros de sórdidos humores masculinos aquém-líricos. a tabula rasa de jogos pífios buracos pifes canastras vazios de tanto virtuosismo bebum. homens debruçados sobre lances de dados carteados carecidos sem que o saibam de qualquer compaixão por si mesmos. ii. e tudo de roldão vai esbarrar em poemas. os biografemas de cristiano moreira. as leituras e suas indisposições. a noção de que o assédio ao autor de sua eleição aos significados de sua signância as fraturas abertas pela fatura inventiva do objeto de estudo enfim nada disso lhe garantirá a compreensão o tapa nas costas ...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.