SUBIR AO MURAL [1] Marco Aurélio de Souza [2] 1. É sempre arriscado comentar a grande poesia, quer dizer, a poesia que cumula recursos sonoros e semânticos com a precisão de pensamento – que poesia sem pensamento não pode ser grande nem boa, e o pensamento parece estar sempre em falta –, que forja imagens improváveis mediante o desvio incessante da obviedade, é sempre um risco comentar tal poesia: afinal, que pode um comentário dizer sem entregar a imaturidade do leitor? E o leitor de boa poesia, vale dizer, jamais está maduro. 2. A poesia de Ronald Augusto é destas que, por sua qualidade excepcional, intimidam o leitor desavisado, causando neste, ao final de cada poema, um momento de sincera reflexão. Que movimentos fez aqui este poeta? Fui capaz de acompanhá-lo? Tanto maior será o desafio para quem, como eu, pretende o comentário despretensioso (e como dizer com simplicidade o que excede o simples pelo capricho da linguagem?). 3. Publicado em 2017 pela Edit...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.