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Tina Turner: Beyoncé avant-la-lettre

Não é preciso despender grande esforço para concluir que Tina Turner (circa 1980), serviu muito bem de prefiguração aos nossos dias da cantora Beyoncé que, por ironia, tem em sua carreira o single “Déjà vu” (2006). Entretanto, Tina, devido às suas características vocais, tem mais a ver com o rock (migrou do R&B para este gênero), e sua biografia parece ser mais acidentada — para não dizer dramática —, ficando por isso mesmo nas antípodas da atual representante do R&B de acento entre rap e pop. A vida de Beyoncé, ao que se sabe, tem todos os ingredientes para ser definida como a de uma patricinha, em que pesem as referências ao racismo de que se ressente no país de Obama, referidas pela cantora, filha do estado do Texas. O certo é que não teve grandes frustrações. De resto, muitas coincidências podem ser invocadas para um possível cotejo entre as cantoras. Por exemplo, Beyoncé e Tina lembram por contigüidade: condenação às convenções do sex-appel; iconofilia gestual à maneira de pin-ups pós-modernas; imagem controversa da “cantora gostosa”, já que seus dotes físicos, os corpos cobiçáveis se equiparam (ou mesmo suplantam) olimpicamente à beleza imaterial de suas vozes. Conjunto de conveniências que, talvez como conseqüência, favoreceu a ambas se tornarem atrizes de cinema, ou coisa parecida. Aquilo que um jornalista do The Daily News escreveu, a saber, "A forma como Beyoncé usou o seu corpo, intensificou o sentimento de triunfo. O seu cabelo parecia de uma Medusa, suas pernas longas dariam orgulho a Tina Turner", sintetiza tudo isso. E para as duas vale a velha tirada-clichê, ou seja, como atrizes são excelentes cantoras e dançarinas.

O capítulo a respeito dos maridos das divas revela do mesmo modo convergências e divergências. Eles têm parcela importante na formação e no sucesso das duas estrelas. No caso de Tina Turner, a “colaboração” de Ike Turner para o seu sucesso se deu na forma, inclusive, de abusos, violência física e consumo de drogas. Ike Turner (1931-2007) foi instrumentista, cantor, compositor e produtor musical. É apontado como o primeiro a gravar a música "Rocket 88", em 1951, considerada a "primeira canção de rock and roll", regravada, depois, por Bill Haley. A introdução de piano, executada por Ike, serviu de inspiração para Little Richard “Good Golly Miss Molly”. “Rocket 88” é umas das primeiras músicas a usar distorção ou guitarra fuzz, motivada por um acidente no estúdio. Ao longo das décadas de 1960 e 1970, Ike formou com Tina Turner a dupla Ike & Tina Turner, cujas apresentações, ao lado de sua banda, se notabilizaram pela enérgica e criativa mistura de soul, rock, rhythm and blues e outros estilos. Entretanto, Ike foi abandonado por Tina Turner devido às agressões físicas que ele a submetia e pelo uso de drogas, principal causa da queda da carreira do músico. Ao lado de Ike, Tina era a “dona infeliz/ que tinha um tufão nos quadris” da canção de Chico Buarque. Já Beyoncé, se são verdadeiras as informações dos magazines, vive uma ininterrupta lua de mel com o seu marido, o rapper Jay-Z. Jay-Z é a segunda maior fortuna no mundo do rap. A imprensa estadunidense começou a chamar Jay-Z de Jay-Hova fazendo o trocadilho em alusão a Jehova, por considerá-lo como o todo-poderoso da música devido a seu avassalador sucesso em todo o mundo. O rapper cada vez mais tem feito às vezes de produtor e alto executivo não só da sua própria, mas das carreiras de outros artistas. Quer como empresário de editora e gravadora (criou a Roc-A-Fella Records), quer como músico e arranjador, teve participação decisiva nas trajetórias de, por exemplo, Mariah Carey, Spice Girls, Snoop Dogg e Rihanna. Mas Beyoncé é hoje o seu maior trunfo. Como outros artistas, Jay-Z também lançou a sua própria marca de roupa, a Roc-A-Wear. O mundo fashion e a música, já há algum tempo são coisas indissociáveis. Beyoncé é pesadamente requisitada como modelo, não obstante suas formas andem a quilômetros de distância da anorexia que reina no segmento da moda.

Tanto Tina (vá lá, esta um pouco menos) quanto Beyoncé, não mais se reportam ao modelo estático das grandes divas do canto seja lírico ou jazzístico. Esse tipo de entertainer altamente especializado, cujo paradigma foi Frank Sinatra, apelidado simbolicamente de “the voice”, foi sepultado há muito pela indústria musical. Ella Fitzgerald, versão feminina de “the voice”, tornou-se obesa com o passar dos anos, e embora seu inegável suingue e senso de divisão rítmica, a arte da dança estava descartada dos seus planos criativos. O gênero musical, no qual o mesmo Sinatra deixou sua marca (dançou com Fred Astaire e contracenou com Burt Lancaster, por exemplo), definiu as formas (corporais inclusive) de aparição do astro da música na semiótica das linguagens artísticas que, em caso de necessidade, também poderia ser um convincente dublê de ator. Muitos dos clips de artistas norte-americanos, desde os aspectos mais duros e técnicos do trabalho de produção às coreografias sempre inçadas de dificuldades, são reproduções em miniatura dos musicais clássicos da história do cinema. Michael Jackson (combinação insuperável de cantor, dançarino e dublê de ator), hauriu deste filão muitas informações para construir o conceito dos seus vídeos. Mais uma prova de sua genialidade.

A um mundo em desbragada globalização, parece vir a calhar a oferta crescente de estrelas totais. E essas personalidades já não atendem por nomes extensos, como no passado por meio deles se tentava emplacar a nobreza do sujeito. Tampouco lhes é aceitável o funcional nome-e-sobrenome que abriga a quase todos nós; não. O imperativo da brevidade também para o nome de guerra o transforma, hoje, numa espécie de logotipo. O grande Pelé encarna à perfeição essa figura-marca paradigmática que atravessa os vários tempos da lógica e da ética mercantis. O maior atleta de todos os tempos, enquanto conceito de propaganda, deve um pouco de sua épica ao movimento da economia fechada, constituída por coisas, para a economia aberta do mercado capitalista, feita de signos. Questões mercadológicas, as mesmas que definem as escolhas dos nomes de megacorporações, são levadas em conta na consagração do “nome artístico”, mas a expressão entre aspas está ultrapassada e já é levemente jeca. Alguém vai objetar dizendo que a existência de artistas com apenas um nome não se restringe aos nossos dias, vem de muito antes. Basta apelar à memória: Cartola, Candeia, Pixinguinha. Mas nestes casos ainda estamos no âmbito da alcunha malandra, do apelido que, no nosso caso, remete à sem-cerimônia da brasilidade morena. Hoje, a escolha de um nome tem em vista a fundação de uma griffe. Nome único: simbolismo de ascensão social, tal como a moda dos nomes de batismos com consoantes dobradas que visam à melhoria do pedigree do portador. Breve listagem de artistas que se apresentam para os negócios lançando sobre a mesa um nome só: Madonna, Eminem, Shakira, Lenine, Latino, Xis, Stink, Rihanna, Usher, Prince, (que durante certo tempo atendeu por um ideograma impronunciável já que para o mesmo não havia transcrição fonética), Seal, Cher, Pink, Djavan, sem mencionar artistas cujos nomes são siglas e ponto, tais como: J. Lo, KL Jay, Jay-Z.

Mas, de volta ao paralelismo entre Beyoncé e Tina com que iniciei esta abordagem, outra questão interessante diz respeito às formas de desejo que suas personalidades artísticas encenam. Tina Turner, enquanto metáfora estética estaria mais para o amor a dois ou grupal, enquanto Beyoncé esbarra num onanismo espetacular e solitário, a observação leva em conta as imagens das duas cantoras em performances de clipes. Cabe lembrar também que a linguagem desse meio, à época de Tina, ainda estava em formação, tanto que o que temos de material áudio-visual da cantora são gravações de shows, performances ao vivo. Em muitos vídeos, Tina Turner aparece acompanhada da banda, onde não raro simula flertes com os músicos que a acompanham, uma mulher entre homens. Beiyoncé estrela clipes sempre cantando em play-back e contracenando com modelos-atores sarados em historietas ralas (tiras e gangsters extraídos de um universo onde subjazem pornografemas em tom pastel), isto é, sua olímpica forma física se basta a si mesma. Gozo de dançarina exibindo sua coreografia diante do espelho. Stripper de si mesma, Beyoncé desborda em corpos alheios. Em muitos videoclipes é comum assisti-la multiplicada em trindade, ladeada por duas clones de feições impassíveis, não obstante a imensa dificuldade dos passos que executam, pois não são mais que replicantes da cantora, sombras que a seguem ratificando-a num prazer em que se ausentam por meio da mecânica prodigiosa dos seus corpos (dela, de Beyoncé), e anulam-se. O individualismo libidinoso e sem remorso de Beyoncé decupa em mil pedacinhos arduamente bem editados o que ainda pode restar do indivíduo.

O artista-modelo pop, que serve de escopo à Beyoncé seduz por bonomia folheada a ouro, e por sugerir aos seus admiradores incondicionais a possibilidade de que esses pobres diabos venham a participar um dia de sua vida feérica. Dessa mulher gigante, e mesmo felliniana (exotismo de medusa mediterrânea), tal como do paradigma da celebridade-mercadoria, pode-se esperar qualquer coisa, inclusive alguma forma de amor reativo ou infantil, ainda que sempre infiel. Tanto o seu talento opressivo (cuja proximidade nos promete aquilo de que somos privados por sermos convencionais), quanto o ar de trapaça que exala não se dão por mero impulso, mas por princípio. O artista pop se dimensiona a si mesmo como lucro (ao humano, mas enquanto clicheria) que, por dever de ofício e no trato com os pares, não pode conceder a mais ninguém. Aquilo que nos faz crer que esta pessoa tenha de fato um “diferencial”, coincide com a opulência de sua riqueza. O artista total do espaço global se transforma num ser humano de destaque porque se domina a si mesmo feito algo que ele possui.

Beyoncé é a etapa anterior, a ante-sala da Mulher-melancia e congêneres. Porque, a rigor, tanto ela quanto Madonna, Britney Spears, Rihanna, há muito deixaram de cantar e, agora, se expressam (temo que para a situação o verbo seja um pouco forte) apenas através dos seus corpos, ou por algumas das suas metonímias. A elas não se cobra mais esse quesito, expressar alguma coisa parecida com pensamento. Para que, por que cantar? O ser do play-back faz e fará cada vez melhor isso por elas. Não consigo distingui-las dessa espécie de atletas de pole dance, pelo que comportam em si, em termos sugestivos, de esposas descoladas customizadas de prostitutas softs, luxuosas, ao imaginário, à vontade do parceiro, metáfora do público cobiçoso.

E quanto aos aspectos estritamente musicais representados por Beyoncé, que até agora não mereceram um olhar mais detido deste comentarista, o que poderia ser dito? Tudo bem que a performance de Beyoncé, na totalidade musical, corporal e vocal que a constitui, vem de uma linhagem motown, que jamais recusou o viés da escola entertainer sobre a qual se assenta toda a atitude cultural norte-americana. Mas esta característica de base não tem força o bastante para nos fazer fechar os olhos sobre certas coisas. Referir, por exemplo, que o rhythm and blues é uma “referência forte” no trabalho da pop star, ou que a poética rap deu um sotaque global a sua abrangência, soa tão inócuo quanto, por outros meios, qualificar o nosso futebol de “bailarino”, como se isso representara sempre uma vantagem, e, não, como a cada competição começa a ficar mais claro, isto é, que também pode significar uma exaustão de formas. As músicas interpretadas pela bela Beyoncé, ou melhor, seu repertório, poder ser deslocado em bloco para qualquer outra cantora de corpo exuberante, negra ou de cultura hispan english, sem que se note a menor diferença. O rumor de fundo é sempre a mesma pasta amorfa de R&B, soul, o velho groove da black music dos anos 1970, atitude hip hop e baladas que Barbara Streisand daria um braço para cantar. Tudo selecionado com aquela moderação tão competente quanto conservadora filiada à perspectiva do lucro fácil. O que é de doer é que o cardápio, o paradigma (o acervo, vivo inclusive) de sonoridades da música norte-americana é imenso e de grande qualidade. No entanto, a combinação, isto é, o sintagma musical resultante só vai até onde chega a tolerância do ouvinte. Lançando mão de uma imagem, ou cedendo a um malapropismo: os hits de Beyoncé se tornam possíveis somente porque as soluções dos seus arranjadores parecem sair das prateleiras de um supermercado para produtores musicais. Melodias e harmonias, linhas de baixo, levadas de bateria, cordas e sopros sampleados ou não, passando pela voz principal e pelos vocais de apoio, enfim, tudo já está pré-cozido. As seções rítmicas, os solos de teclado, os riffs de guitarra, os vocais sensuais da musa black, não são senão plugins de prontidão que, no antro do estúdio, uns caras espertos manobram de modo a converter a canção num sucesso de vendas ou de downloads.

E o que canta Beyoncé? Suas “palavras voando” dizem, por exemplo: “Diva is a female version of the hustler (gangster)”. Somos achacados e chantageados em nosso prazer. Muitos artistas do showbiz obtêm uma colocação destacada na profissão se beneficiando de uma situação que resulta da liquidação da própria profissão, a diva se posiciona a respeito: “Baby i'm gone flow with my pants down low”. Tendo como pano de fundo o processo conflituoso do paradigma multirracial dos Estados Unidos, Beyoncé, mezzo-soprano dramático, ainda repete clichês: “Baby I see you/ that look in your eyes/ hips that keep shakin’/ mysterious style/exotically tempting/ for me your to? that creole sexy/ it’s over me”. Na mesma música, alguns versos adiante, surgem indícios de uma pegada mais dura: “Where all of my brow bones/ that make up the broth/ and all of my bones/ that yellow bone flavor/ is for?/ mix it all together!/ it’s a delicacy”. Mas, ainda prefiro Elza Soares cantando: “A carne mais barata do mercado é a carne negra/ que vai de graça pro presídio/ e para debaixo de plástico/ que vai de graça pro subemprego/ e pros hospitais psiquiátricos”.

Comentários

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10...
Ok, agora que já respirei fundo.
Sei lá, tenho ainda que digerir esse teu texto, além de procurar algumas palavras no "amansa burro". Quem sabe eu comento alguma coisa mais pra frente.
Soul S.A. disse…
Ronald,

É o texto repleto de lucidez: não se curva ao mercado, pensa criticamente sobre ele... a "coisificação" do artista, seja de que cor ele for, mas especialmente quando se é negro - no caso - mulher texana negra - remete ao passado de tradição escravocrata e o lema preferido deste: "bom é esse corpo...", para o eito e o leito... No entanto, seu texto provocou algumas perguntas: comparando as biografias - Tina e Beyoncé - a mais "nova" delas, talvez, tenha se recusado a ser artista com passagens de vida miserável e infeliz? Já que a comoditização no meio pop é inevitável - vide a análise sensacional que vc fez a partir dos nomes (sem sobrenomes...) - será esse modo de vida escolhido por ela, uma outra forma de "aumentar" o preço da "carne mais barata do mercado"? Um grande abraço!!!
Susanna disse…
Ronald,

Seu texto é lúcido na análise do pop que nos constrói signos que acabam moldando nosso gosto e nosso comportamento. O que eles nos vendem? E o que compramos disso tudo? O espetáculo, sem dúvida, do olhar e do encantamento de nossas projeções quixotescas de desejos. É um prazer voltar aqui sempre!
Bjs!

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