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Estive em Lisboa..., legenda de cartão postal



Há pouco resenhei para Sibila o mais recente lançamento no Brasil do romancista Mia Couto, Antes de nascer o mundo. Na oportunidade, deixei de fora do escrito (não me lembro bem porque razão) uma anotação relativa ao uso de epígrafes por parte do escritor de Moçambique. Mas, agora, com a leitura de Estive em Lisboa e lembrei de você, e ao menos como pontapé inicial para o comentário relativo a esta obra, achei por bem retomá-la — mesmo que tenha surtido da leitura, não deste, mas do livro de Mia Couto? —, sim, pois na abertura da obra de Ruffato, topei o mesmo tipo de texto a cumprir tal função e a mesma generosidade na colagem integral de espécimes desse gênero epigrafando obra em prosa. Em outras palavras, ambos os escritores oferecem ao leitor a figura do poema como mote às suas realizações. Em princípio não há problema nenhum nisso. Inclusive porque, segundo uma idéia irônica de Décio Pignatari, uma revolução completa em literatura pressupõe duas meias revoluções, isto é, uma a se cumprir na prosa e outra na poesia. Então, sem pretender apostar na pertinência das formas híbridas dentro da economia estética contemporânea, não é possível, em fim de contas, a um poeta, produzir poesia de importância se este se recusa à convivência com a prosa. E o mesmo vale para o prosador no tocante à poesia.

Mas, a razão de a epígrafe de ambos os livros tratar-se de um ou de conjuntos de poemas, aplicados quase que integralmente no limiar de suas narrativas, pode esconder outras motivações. Essa proximidade ou, quem sabe, essa inadvertida deferência ao “poético” tornar-se-ia fiadora, por exemplo, daquilo que lhes falta por serem acanhados escritores/prosadores? A pergunta pode parecer mais cínica do que retórica. Mas na verdade não é nem uma coisa nem outra. Porque, prosa epigrafada perdulariamente com versos denuncia a traição da hipotaxe em benefício da vertigem paratática. E, o mais das vezes, quer dizer que o escritor pretende ir a contrapelo da proverbial objetividade que se costuma creditar ao texto em prosa e, em contrapartida, brindar o leitor com uma linguagem mais emocionada, delirante, “epifânica”, ou seja lá que forma de impressionismo este qualificativo dispare na vontade de representação dos nossos comovidos contadores de histórias. Mas, uma tal opção compositiva não é em si um erro capital. Ou seja, desde que essa cumplicidade com as esquisitices da poesia não vise a ressalvar a prosa dos seus fundamentos, pois, mesmo que nossa paciência vacile um pouco diante da impassibilidade solipsista e do gosto pela interpolação desta linguagem, não há, em fim de contas, como conceber a prosa sem algo dessas senhas.


Então, Estive em Lisboa e lembrei de você, se inicia sob a recomendação da poesia. Ou como se dizia — com veleidades sub-literárias — há algumas décadas: “recomende-me ao Cônsul; recomende-me a fulano...”. Luis Ruffato não deseja que a poesia se esqueça de sua pessoa. Por outro lado, é importante dizer que Ruffato não é poeta, não quer que ninguém acredite nisso; não supõe-se poeta. Mas há algo de “designer de linguagem” em sua escritura, que, no entanto, entra na conta de um ônus, em função de certo gosto incontido pelo arrevesado da fala pedestre, mais harmônica (interrupções e justaposições de sintagmas) do que melódica (linearidade no discurso), para usarmos as classificações contidas no “Prefácio interessantíssimo” de Mário de Andrade (Paulicéia desvairada, 1922). Em Estive em Lisboa e lembrei de você, Luiz Ruffato, um pouco à maneira de Aldir Blanc, recondiciona a língua do subúrbio, mas numa perspectiva mais nervosa e que acaba por se distanciar do jeitão lírico com que o letrista compõe suas crônicas. De qualquer modo, persiste o poeticamente tolerável. Assim, como mote e insumo alusivo às intenções da narrativa, o poema que o autor empresta de Miguel Torga (1907-1995) começa com a seguinte estrofe: Brasil onde vivi, Brasil onde penei,/ Brasil dos meus assombros de menino:/ Há quanto tempo já que te deixei,/ Cais do lado de lá do meu destino! O sucinto volume do autor mineiro, por outro lado, se deixa ler como uma rapsódia a respeito do voumemborismo que o capital volátil das últimas décadas insufla no sonho de “mudar de vida” (para-melhor) do sujeito comum. Paráfrase dilatada de uma outra Canção do exílio, cujo sentimento de trânsito ou de deriva, marcado pela ambigüidade contemporânea, só admite por enquanto um conflituoso processo multicultural, mantendo recuado o ecumenismo esperado por alguns videntes da mundialização. Uma cena:


O rapaz, bem-falante, óculos escuros, motorista uniformizado, me mostrou o maço preto, caligrafia dourada, “Conhece?”, respondi que de-vista, me ofereceu um, aceitei, agradeci. “Aqui no Brasil não tem desses”, garganteou, perguntei onde ele adquiria, explicou que carreava, fretado, o povo da cidade dele, Presidente Prudente, praqui e prali, “Até pro Paraguai”, e negociamos uma garrafa de Cavalo Branco, que, dizem, é o melhor uísque que existe, não sei, não estimo o paladar, comprei mais pra não desfeitear o coitado, e de brinde ofertou seis cigarros picados (que resguardei pra exibir aos amigos, pintoso, por anos), e acho que, naquele dia, pela primeira vez, me roeu uma vontade de viajar pra-fora, invejoso da ladinice do fulano. (pág. 17)


Diferentemente da poesia, a prosa (anedota, em seu caroço) pode ser resumida. Entretanto, não farei esse resumo, basta transcrever um trecho da aba do livro de Ruffato. Ao mesmo tempo, junto com o resumo, de lambuja, vão uns comentários acerca desta breve forma de “texto de apresentação”. Digamos, num primeiro momento, que o editor tem a prerrogativa de aproveitar o espaço da orelha para vender o seu peixe. Afinal, trata-se também (mas não apenas) de um negócio, e é natural que não queira jogar grana pela janela. Pessoalmente, acho que orelhas deveriam ser assinadas. Quando este tipo de texto fica nas mãos do editor ou de algum dos seus subalternos, a perspectiva daquilo que deve ser adiantado ao leitor a respeito do livro, entra na operação de simples apelo à compra-venda imediata, ou seja, o que está em jogo é convencer o leitor indeciso a abrir sua carteira, pois para o negociante desse segmento (como o de qualquer outro), dinheiro bom é dinheiro que sai do bolso do leitor para se precipitar no seu. Mas, as duas pontas se atam num processo cuja circularidade não absolve nem condena nenhum dos lados. Afinal, orelhas que mais se assemelham a releases são produzidas em consideração a um leitor que aspira, talvez sem a devida consciência, a um monitoramento, a uma modelagem de tal ordem do seu desejo.


Portanto, o resumo com que se depara o leitor-cliente a respeito de Estive em Lisboa e lembrei de você, diz assim: “Estamos no interior de Minas. Serginho, modesto funcionário da Seção de Pagadoria da Companhia Industrial de Cataguases, tenta parar de fumar. Jovem de alma simples e sem grandes aspirações, leva aquela vidinha de cervejas, fofocas e moças (...). Mas moça é o que não falta em Cataguases, e Serginho aproveita para namorá-las ‘amadoristicamente’, até esbarrar em uma certa Noemi, que, azar dos azares, engravida. O pai dela, armado de trabuco, o obriga a se casar, omitindo, porém, que a filha tem ‘a ideia fraca’, o que a leva, um belo dia, a ser ‘pega pelada em frente à Prefeitura’. Eis que, vendo ir para o brejo o casamento com Noemi, a exemplo do emprego, Serginho, de posse de umas raspas da herança deixada pela mãe, contempla o projeto de se bandear para Portugal, onde sacos de dinheiro estão supostamente à espera de quem não foge de trabalho duro. E o que mais estará à sua espera? O verdadeiro amor?”.


A cada categoria de leitor corresponde um jogo de enganos e simulações. Ao leitor mais culto ficam reservadas as epígrafes com poemas poeticamente corretos; ao leitor comum, partícipe em negativo das estatísticas de consumo per capita no que tange ao livro enquanto mercadoria, falará com mais autoridade a orelha marqueteira, com jeito de sinopse ou de trailer de filme: soluções para enlaçar o consumidor de livros de prosa. Estive em Lisboa e lembrei de você — título que se presta como a legenda perfeita de uma tarjeta postal — ajusta-se ao gosto desses dois leitores extremos, e, por isso mesmo, se situa a meio caminho do comercial mais pragmático e do bom entretenimento. De resto, a obra não condena nem absolve o prosador “traduzido para o francês, o italiano e o espanhol e ganhador dos prêmios APCA e Machado de Assis” (reza a orelha agregando valor ao produto).


A “Nota” ao leitor, precedente à narração que se divide em duas partes, tal como um trecho da vida do personagem Serginho, demarcando precisamente os momentos em que ele deixa o cigarro e depois volta a fumar, informa que a obra trata-se em realidade de um depoimento “minimamente editado”. Mas qual o sentido da expressão “minimamente editado”? A pergunta cabe, já que a categoria moderna da “ficção” se constitui como um tipo de linguagem que não é nem “verdade” nem “mentira”, senão que tem um estatuto próprio. Se dermos crédito ao conteúdo da nota, Luiz Ruffato é o escritor profissional que estiliza ou costumiza o frescor da falação tosca ou malandramente naïf do depoente. Estive em Lisboa e lembrei de você se resolveria num copidesque de cunho mais estudado e culto dessa matéria verbal bruta que estava a sua disposição para ser expurgada de certas defecções. Na primeira parte desse desinteressado “trabalho de edição”, Ruffato sinaliza com itálicos os idiomatismos da língua brasileira do arrabalde interiorano; na derradeira, os lusitanismos e as palavras das ex-colônias africanas aparecem em negrito. A novela revela o seu escopo de caderneta de turista-escritor. Mas se é real a revelação de que estamos diante do depoimento tomado de Sérgio de Souza Sampaio, e não de um livresco sendero borgeano aberto à inteligência irônica do leitor acumpliciado, então, outras considerações serão bem-vindas. Dentro dessa projeção, a operação ficcional de Ruffato poderia ser relacionada tanto ao posicionamento estético de Marcel Duchamp, no caso dos seus ready-mades, como também seria uma espécie de eco do processo de “pré-produção” das obras de Guimarães Rosa que consistia em colecionar em blocos de anotações o jargão do vaqueiro e do jagunço para transmutá-lo em latinório literário. Avanço um pouco mais para referir a experiência de Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), cuja arte, na década de 1980, foi “desvelada” por e para interessados e interesseiros do mundo consagrado das artes. Esse “negro, sem documentos, e indigente” recusou sempre a etiqueta de “artista”. Não obstante, e à revelia de sua obediência ao chamado do todo-poderoso que, segundo Bispo do Rosário, conferiu às suas representações o caráter de tarefa divina, a estrutura das instituições artísticas o alista como um criador das formas de vanguarda. Expropriadas de sua alienação de sacerdote da Colônia Juliano Moreira, suas obras representam o Brasil em prestigiosas exposições do circuito de arte internacional. Transação semelhante se pode testemunhar em Estive em Lisboa e lembrei de você, Ruffato captura a prosa do seu depoente e fala através de na probabilidade de re-imaginá-la em pauta diversa. Outra cena onde o linguajar de Sérgio de Souza Sampaio se mostra em sua árdua inocência live:


Essa palestra me poliu tanto os brios que, enquanto aguardava o desconsolo do trato da herança, costumei a rodar a Taquara Preta, fim de tarde, vistoriando as placas Vende-se, na garupa o Ivan Cachorro Doido, camarada meu encostado por causa de que dava uns acessos feios, de estrebuchar no chão escumando pela boca, embora a malícia do povo denunciasse tramoia, “Doença dele é horror de pegar no pesado”, mas, devido aos seus desafazeres, ninguém mais indicado pra ajudar a destrinchar as inconveniências das moradias, como estrutura (“Ó, pode ver, a laje descai pro canto direito ali, ó”); vizinhança (“É procurar chifre-em-cabeça-de-cavalo, por quê que você acha que os antigos proprietários mudaram?”); documentação (“Esses não têm nem registro da planta da prefeitura”); valia (“Quanto estão pedindo? Sai fora! Merece não”) (...).


Uma ou duas palavras, ainda, sobre a utilização tanto do itálico quanto do negrito nas expressões idiomáticas ou nos requebros coloquiais pitorescos manipulados por Luiz Ruffato. Listo alguns exemplos: “devíamos de rachar a despesa”; “meu estado-de-nervo”; “eu só saía dali carregado”, “Noemi tinha a ideia fraca”; “lutando contra os tugas”; “perdendo a saúde no cacimbo”; “descemos pra uma tasca” (um lembrete: itálicos e negritos são todos da pena de Ruffato); Esta decisão de mixar as aparas dialetais — traços fonológicos do depoente — ao traquejo do escriba acaba escavando um sulco estilístico, e as faz ingressar numa espécie de museu de cera de licenças lingüísticas; derivam como réplicas caprichosamente trabalhadas. É como se um brilho sedoso se depositasse em sua superfície tornando-as infalivelmente fakes, não obstante a minúcia naturalista com que são transcritas, revelando toda a apetência de colecionador lexical de Luiz Ruffato. Todo esse acervo de falas, ditos e tiques, marcando o ritmo da narrativa, resta, por fim, num exercício sem desfecho, aquém da gramática do “bom negro e do bom branco” e além do pathos literário, pois falta-lhe alguma transfiguração que nos convença de sua virtualidade desempenhada.


O livro de Luiz Ruffato me parece bom, nem tanto porque em muitos momentos o seja de fato, isto é, já que nestes momentos dá sinais de alguma novidade. Estive em Lisboa e lembrei de você, me parece bom porque simplesmente (e por detrás do simplesmente há um esforço que não quer passar em branco) revela em seu procedimento de linguagem o caráter multifacetado de um atento diluidor. Se para Pound (que viveu num tempo em que poesia e prosa atingem um alto grau de inventividade) a categoria do diluidor encerrava em si a semântica da subalternidade, em nossos dias, entretanto, a figura do diluidor pode incorporar qualidades, digamos assim, menos depreciativas. Estive em Lisboa e lembrei de você, fica a meio caminho de ser boa prosa e de ser decalque inercial da escola moderna e modernista de um modo de narrar, porque mobiliza estilemas do romance malandro, que é prototípico nas Memórias de um sargento de milícias em função do seu “realismo antecipado”, vive sua adolescência e juventude nos romances cubistas de Oswald de Andrade e atinge a maioridade e depois a maturidade na ironia do Machado de Assis, capoeirista metalingüístico. A linguagem-linhagem de clássicos como Memórias sentimentais de João Miramar, Macunaíma, Grande Sertão: Veredas também insuflam vida virulenta na escrita de Rufatto, mas tão-só pelo aspecto prático de que constituem roteiro imperioso no nível de competência, ou seja, o que cumpre repetir para aprender.

Os itálicos e negritos engastados na lábia dos personagens de Estive em Lisboa e lembrei de você, são como a “seda azul do papel que envolve maçã”, isto é, o alambicamento decidido de um sujeito sensível ao “gênio da língua brasileira”. Por esta razão, em algumas cenas, à boca pequena, mas resolutamente, assoma num vozear, o sentimentalismo brejeiro, risonho e algo “veracruz”. Isso fica bastante patente na passagem em que Serginho se prepara para partir rumo a Portugal e a cidade inteira se aglomera junto aos preparativos, ensaios e movimentos de partida do protagonista. Há uma dose de chanchada no episódio e ao mesmo tempo tem-se a sensação de reificação da clicheria literária, novelesca. Espécie de verismo “muito bem fotografado”; em alusão às cores e às coisas das locações e dos sets compostos à perfeição pelos diretores de arte da indústria cinematográfica. Aquilo que se elogiava no filme Central do Brasil. Seu paleo-realismo edulcorado. O brasileiro a um só tempo fetichista e sem nenhum caráter, de “alma simples”, que se redime pelo afeto.

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