O alto modernismo, e mesmo a sua transfiguração mais recente, mais hard – em termos de excurso teórico –, isto é, as vanguardas de 1950/60, passam por um processo muito rápido de canonização. Em outras palavras, se historicizam - se a afirmação não fosse um tanto absurda - de maneira abrupta e surpreendente, inclusive porque, não podemos nos esquecer, os registros ou o anedotário da resistência, seja ao modernismo, seja, por exemplo, à poesia concreta, formam uma pequena história à parte. E tal resistência, pelo forte teor arrivista assumido por suas posições e contraposições, não dava, à primeira vista, indícios de fácil assimilação ou trégua. Toda a polêmica em torno do problema contribuiu, ao fim e ao cabo, para fazer da recusa conservadora e alarmista, aceitação incondicional. Cedendo, tolerando a rotina das rupturas (às vezes aparentes), o senso comum ofereceu as condições necessárias para que o alto modernismo viesse a se tornar “uma das manifestações mais oficiais da cultur...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.