
A linguagem da poesia não é, mesmo, para qualquer um, no sentido em que ela teria sido inventada para ir ao encontro, ou atender à demanda, de um determinado público; não. O movimento é inverso. A poesia engendra o seu público e, se necessário, mais adiante o descarta. De fato, não existe o "público apenas leitor" de poesia porque não há, a rigor, o falante de poesia como há, por exemplo, o falante de inglês, de alemão, de iorubá, de português, etc. É neste sentido que a poesia, segundo Carlos Drummond de Andrade, se converte nesta linguagem de alguns instantes. Uma língua-linguagem efêmera que se inventa ao inventar o seu leitor-falante e os modelos de sensibilidade que ele desentranha de si no agora impreciso e irredutível da leitura criativa.
Comentários
Nossa, se pode fazer um seminário sobre este parágrafo, sobre este dizer, dará muito o que ler e falar.
Beijos
um beijo
Abraços