Breve exercício para fugitivos , esse conjunto de textos de Rubens da Cunha, põe em movimento pensamentos-arte que confinam com a ideia de que os discursos poéticos são volições significantes determinadas a uma permanente conquista das imprecisões da razão e da emoção que requerem formas plásticas capazes de apresentá-las. Cada texto é tanto uma vertigem onde o prosaico e o bizarro se atritam, quanto um sumidouro de linguagem que se processa através do corpo a corpo do poeta com a matéria verbal e as noções empíricas e teóricas da função estética. Por essas e outras é que não me parece despropositado afirmar que Breve exercício para fugitivos se situa criticamente aquém e além do conceito consagrado de crônica. Rubens da Cunha, poeta e autor de Curral (Editora de UFSC, 2015), leva a efeito a ultrapassagem das convenções da prosa, mas também das convenções e das fronteiras entre os gêneros. Se a poesia se deixa perturbar por uma entropia discursiva, a prosa, por seu tur...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.