Vagar em Macau com vagar Ronald Augusto [1] Avanço, saltando por entre escolhos cotidianos – o Texas-tipo, a garrafa pet, a semanária –, por dentro dos poemas de Vagar em Macau de José Antônio Silva. A cidade e o tempo sucateiam os mitos retrógrados da poesia. Noturno/diurno do Tietê e de outros rios que varam cidades e seus muros. Os signos, os símbolos do triunfo e da derrocada sempre presentes na próxima esquina – no próximo virar de página –, avassaladores. Mas, por outro lado, a fruição do olhar em travelling escrutinando o transitório das megacidades que crescem e se anulam enquanto devoram adjacências e nossas entranhas. Os poemas de Vagar em Macau batem sola no asfalto da cultura e da sociedade, pavimento que, entretanto, não alcança desgastar o sujeito duro e bom, misto de cancionista e rapsodo, que os entoa aos quatro cantos de nossos transes geográficos. Um excurso sobre “Quatro mil mortes morridas”, um poema exemplar revisitado: o conhecimento satisfatório, se...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.