fotograma de "quando fala o coração", de alfred hitchcock Poesia e prosa são as duas faces da moeda da arte da palavra. Um poeta deveria conhecer o mínimo indispensável no que concerne à prosa, por outro lado, o mesmo procedimento (no caso o movimento em direção à poesia) deveria ser adotado pelo prosador. Essa conjunção tem resultado em grandes experiências: a poesia modernista se precipita em direção a uma forma mais vertiginosa de prosa por meio do coloquial; romancistas como James Joyce e Guimarães Rosa foram também poetas de primeira linha. É importante incorporar as virtudes das demais linguagens. Pois, antes de virar, de uma vez por todas, cinema ou ação pura (como nos sugere a prática de muitos recentes prosadores), a prosa deveria confinar um pouco mais com a sua oposição complementar, isto é, a poesia. Mas o quadro aqui esboçado tem a ver com as determinantes de um tempo audiovisual. Entretanto, a prosa também não despreza as questões formais. O que acontece é que ...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.