Poesia e prosa são as duas faces da moeda da arte da palavra. Um poeta deveria conhecer o mínimo indispensável no que concerne à prosa, por outro lado, o mesmo procedimento (no caso o movimento em direção à poesia) deveria ser adotado pelo prosador. Essa conjunção tem resultado em grandes experiências: a poesia modernista se precipita em direção a uma forma mais vertiginosa de prosa por meio do coloquial; romancistas como James Joyce e Guimarães Rosa foram também poetas de primeira linha. É importante incorporar as virtudes das demais linguagens. Pois, antes de virar, de uma vez por todas, cinema ou ação pura (como nos sugere a prática de muitos recentes prosadores), a prosa deveria confinar um pouco mais com a sua oposição complementar, isto é, a poesia. Mas o quadro aqui esboçado tem a ver com as determinantes de um tempo audiovisual.
Entretanto, a prosa também não despreza as questões formais. O que acontece é que sua pegada é mais interessada na audiência, ou em sua manipulação virtuosa. O cinema de Alfred Hitchcock, em certo sentido, representa uma metáfora do efeito da prosa: o cinéfilo-leitor é convidado a participar com lucidez dos acontecimentos; um filme do “mestre do suspense” é desenganador, percebemos a gramática construtiva, jogamos um jogo cujas regras estão mais sugeridas do que determinadas. A boa prosa solicita um leitor atento, e não em transe.
Entretanto, a prosa também não despreza as questões formais. O que acontece é que sua pegada é mais interessada na audiência, ou em sua manipulação virtuosa. O cinema de Alfred Hitchcock, em certo sentido, representa uma metáfora do efeito da prosa: o cinéfilo-leitor é convidado a participar com lucidez dos acontecimentos; um filme do “mestre do suspense” é desenganador, percebemos a gramática construtiva, jogamos um jogo cujas regras estão mais sugeridas do que determinadas. A boa prosa solicita um leitor atento, e não em transe.
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