“o que é poesia?” é a grande questão que move os poetas, mesmo quando aparentemente ela não vem à tona do campo de significação de seus poemas; a resposta mais fácil, resposta de bolso, talvez seja a que diz que a poesia é quando a linguagem para nela mesma, ou seja, quando o leitor percebe que a linguagem se dá em espetáculo, quando o leitor é obrigado a ver/ler o que está de fato escrito/inscrito ante seus olhos e não o que ele imagina estar sendo dito por meio da linguagem, em outras palavras, o poeta não quer dizer, ele já disse, já materializou um objeto estético-verbal significante, e que é uma coisa polissêmica; mas se alguém nos perguntasse, por exemplo: “o que é a escultura?”. eu responderia de modo sintético apontando um espécime: o pensador de rodin . sim, mas como se faz escultura? ah, pois é. “o que é poesia?” é uma pergunta que parece supor também isso: “como se faz?” é necessário conviver com os poemas para saber o que é poesia, e não confundi-la [a poesia] c...
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela UFRGS e Mestre em Letras (Teoria, Crítica e Comparatismo) pela mesma universidade. É autor de, entre outros, Puya (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), e Decupagens Assim (2012). É colunista da revista http://www.mallarmargens.com/; e escreve quinzenalmente para http://www.sul21.com.br/jornal/colunista do site Sul21.